Publicado 11.09.25 I 20h45
Em uma decisão inédita na história do Brasil, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a 27 anos e 3 meses de prisão. A sentença se refere ao seu envolvimento na chamada “trama golpista”, que buscava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva entre o fim de 2022 e o início de 2023.
Do total da pena, 24 anos e 9 meses são de reclusão (regime fechado) e 2 anos e 6 meses de detenção (semiaberto ou aberto). Por ultrapassar oito anos, a pena será cumprida inicialmente em regime fechado.
Bolsonaro foi considerado culpado por cinco crimes:
Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito
Organização criminosa armada
Golpe de Estado
Dano qualificado contra patrimônio da União
Deterioração de patrimônio tombado
A decisão foi tomada por 4 votos a 1, com o ministro Luiz Fux sendo o único a divergir da maioria.
Além do ex-presidente, outros sete aliados foram responsabilizados, entre militares e ex-ministros:
Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil) – 26 anos de prisão
Almir Garnier (ex-comandante da Marinha) – 24 anos de prisão
Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) – 24 anos de prisão
Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) – 19 anos de prisão
Augusto Heleno (ex-GSI) – 21 anos de prisão
Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) – condenado, pena de 16 anos, 1 mês e 15 dias.
Mauro Cid (ex-ajudante de ordens e delator) – até 2 anos em regime aberto, beneficiado por colaboração premiada
Com a condenação, Bolsonaro não apenas perde a liberdade em regime inicial fechado, como também reforça sua inelegibilidade já determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Caberá à defesa recorrer dentro do próprio STF, mas a decisão já é considerada um marco na responsabilização de ex-chefes de Estado.
É a primeira vez que um ex-presidente da República é condenado por tentativa de golpe de Estado no Brasil. A decisão do STF sinaliza um endurecimento contra ações que atentem contra a ordem democrática e pode servir como precedente para futuras responsabilizações de autoridades que ultrapassem os limites constitucionais.
Fonte: G1.com